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quarta-feira, 2 de julho de 2008

VELHA CHÁCARA


A casa era por aqui...

Onde?

Procuro-a e não acho.

Ouço uma voz que esqueci:

É a voz deste mesmo riacho.

Ah quanto tempo passou!(Foram mais de cinqüenta anos.)

Tantos que a morte levou!(E a vida... nos desenganos...)

A usura fez tábua rasa

Da velha chácara triste:Não existe mais a casa...

- Mas o menino ainda existe.


Manoel Bandeira

O rio


Uma gota de chuva

A mais, e o ventre grávido

Estremeceu, da terra.

Através de antigos

Sedimentos, rochas

Ignoradas, ouro

Carvão, ferro e mármore

Um fio cristalino

Distante milênios

Partiu fragilmente

Sequioso de espaço

Em busca de luz.

Um rio nasceu.


Vinícius de Moraes

Estes Rios...


Por certo ao passar por nós

Estes rios lavam a roupa,

Estes rios lavam a alma.


Por certo ao passar por nós

Estes rios levam o corpo,

Estes rios levam as mágoas.


Por certo ao passar por nós

Estes rios louvam a vida,

Estes rios louvam a Paz!


No solitário percurso

Deixam os rastros continuos,

Delta bendito, ao encontrar seu destino!


))§((O.Paz

Rio Abaixo


Rio Abaixo
Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga...Quase noite. Ao sabor do curso lentoDa água, que as margens em redor alaga,Seguimos. Curva os bambuais o vento.Vivo, há pouco, de púrpura, sangrento,Desmaia agora o Ocaso. A noite apagaA derradeira luz do firmamento...Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga.Um silêncio tristíssimo por tudoSe espalha. Mas a lua lentamenteSurge na fímbria do horizonte mudo:E o seu reflexo pálido, embebidoComo um gládio de prata na corrente,Rasga o seio do rio adormecido. (Olavo Bilac)